Primeiramente, preciso contar algo a vocês: quando iniciei minha jornada como coordenadora pedagógica, eu carregava uma ideia que quase comprometeu minha atuação profissional. Achava que ser firme era o mesmo que ser grosseira, e acreditava que ser querida por todos como coordenadora pedagógica era a conquista mais valiosa que eu poderia ter no ambiente escolar.
Ajudava sempre. Dizia “sim” para tudo. Cobria faltas de professores, resolvia problemas que não eram da minha alçada, engolia frustrações e ainda sorria. De fato, eu só queria ser vista como uma “boa profissional”, alguém que a equipe admirasse e respeitasse. Eu sempre passava do meu horário de trabalho. Eu saía às 19h, mas nunca bati meu ponto antes das 19h30.
No entanto, com o passar do tempo, percebi uma dinâmica preocupante se formando na equipe de professores. Quando você diz “sim” para tudo, a equipe naturalmente entende que “precisa” de você para tudo, inclusive para aquilo que não é sua função. Você se torna indispensável, mas não da maneira que imaginava. Indispensável no lado ruim desta história.
O erro de ser querida por todos
Além disso, quando você finalmente tenta se posicionar após meses (ou anos) de permissividade, o que acontece? Vem o espanto. E, muitas vezes, a resistência. “Mas você sempre fez isso para nós”, “Nunca foi problema antes”, são frases que começam a surgir com frequência, e com razão por parte dos professores.
Por este motivo, me vi em um ciclo exaustivo: sobrecarregada, frustrada e, ironicamente, invisível em meu verdadeiro papel. Porque o “extra” que eu oferecia havia se tornado o “mínimo” esperado. Este foi meu erro fundamental.
A coordenação pedagógica é uma função estratégica que exige equilíbrio entre acolhimento e posicionamento. Ou seja, não se trata de escolher entre ser amada ou ser respeitada, mas de construir uma liderança que inspire confiança e, ao mesmo tempo, estabeleça limites saudáveis.
Por exemplo, quando um professor constantemente entrega seus planejamentos fora do prazo, a coordenadora “amiga” pode relevar repetidamente para evitar conflitos. Já a coordenadora “ponte”, aquela que equilibra firmeza e acolhimento, conversa individualmente, entende os desafios, oferece suporte, mas também deixa claras as consequências da não entrega para o trabalho coletivo. E isso precisa estar muito claro para os professores, desde o início.

A diferença entre ser firme e ser grosseira
Contudo, eu sempre tive dificuldade em me posicionar, justamente por não saber o limite entre ser firme ou grosseira. Eu sabia que precisava mudar, e essa transformação não aconteceu da noite para o dia. Foi quando comecei a estudar sobre liderança educacional e comunicação assertiva.
Quando comecei a estabelecer limites, enfrentei resistência por boa parte da equipe pedagógica. Alguns professores estranharam, outros testaram meus novos limites, e houve quem interpretasse minha mudança como frieza ou distanciamento.
Ser coordenadora não é sobre carregar a escola nas costas. É sobre liderar com estratégia, mesmo que nem todo mundo goste.
É importante destacar que existe uma diferença fundamental entre ser firme e ser grosseira. Ser firme é ter clareza sobre seu papel, suas responsabilidades e seus limites. É comunicar expectativas de forma direta e transparente, sem abrir mão da gentileza.
Ser firme é mostrar que você está ali como parceira, não como escada ou capacho. Ou seja, é manter o tom gentil, sem perder o pulso firme que a função exige.
Por exemplo, quando um pai chega sem agendamento exigindo ser atendido imediatamente, a coordenadora firme não o destrata, mas explica com tranquilidade: “Compreendo sua urgência e quero muito conversar sobre seu filho. Para garantir que eu possa dedicar atenção total a essa conversa, podemos agendar um horário para amanhã às 10h? Assim posso me preparar adequadamente e teremos o tempo necessário para discutir todas as suas preocupações.”
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Técnicas fáceis para ser firme como coordenadora
Principalmente durante meu processo de transformação, descobri as técnicas estruturadas de feedback. Hoje, utilizo regularmente o método do “Feedback Sanduíche”, que mudou completamente minha comunicação com a equipe.
A Técnica do Feedback Sanduíche
A técnica consiste em três passos simples:
1. Começar com um elogio sincero (algo que a pessoa realmente faz bem)
2. Apontar o que precisa melhorar (de forma específica e objetiva)
3. Finalizar com uma fala encorajadora (mostrando confiança na capacidade de evolução)
Ademais, essa abordagem permite que o professor receba a crítica construtiva sem se sentir atacado ou desvalorizado. Assim, ele permanece receptivo à mudança, em vez de assumir uma postura defensiva.
Por exemplo, ao conversar com uma professora sobre problemas na gestão de sala:
“Maria, tenho observado como você prepara atividades criativas e engajadoras para os alunos. Seu comprometimento com o planejamento é exemplar. Percebi, contudo, que durante a aplicação dessas atividades, alguns alunos ficam dispersos e acabam não aproveitando todo o potencial do que você preparou. Gostaria de sugerir algumas estratégias de gestão de sala que podem complementar seu excelente trabalho de planejamento. Conhecendo sua dedicação e abertura para aprender, tenho certeza de que você conseguirá implementar essas estratégias com sucesso.”
O equilíbrio entre ser firme ou acolhedora
Desse modo, ao longo do tempo, fui construindo uma nova identidade profissional. Entendi que não precisava escolher entre ser técnica ou ser humana, eu podia ser ambas. Não precisava optar entre estabelecer limites ou construir vínculos: podia fazer os dois.
Sobretudo, compreendi que o respeito genuíno vem não de fazer tudo por todos, mas de atuar com coerência, ética e propósito claro. De ser a coordenadora que eu mesma gostaria de ter tido quando era professora.
Enquanto isso, fui desenvolvendo meu próprio estilo de liderança, baseado em alguns princípios fundamentais:
1. Clareza nas comunicações e expectativas do grupo
2. Coerência entre discurso e prática
3. Escuta genuína, sem promessas que não posso cumprir
4. Feedback construtivo
5. Reconhecimento sincero das conquistas da equipe
6. Limites bem estabelecidos e consistentemente mantidos
Finalmente, entendi que o verdadeiro respeito profissional vem quando:
• Sabemos dizer “não” quando necessário
• Damos feedback com técnica, não com raiva
• Não confundimos parceria com permissividade
• Mantemos a escuta, mas com postura
• Acolhemos a equipe, mas sem nos anularmos
Meu conselho para você, coordenadora
Por fim, se eu pudesse dar um conselho a cada coordenadora que está lendo este post, seria: você não precisa agradar a todos. Você precisa sustentar. Seja ponte. Mas nunca deixe que pisem em você.
Inclusive, se você se identificou com a minha jornada como coordenadora pedagógica e deseja acelerar seu processo de desenvolvimento como gestora, tenho uma ferramenta para compartilhar. O Kit S.O.S. Coordenação Pedagógica foi criado especialmente para coordenadoras que buscam segurança e eficiência em sua atuação diária.
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Dessa forma, você não precisará aprender apenas por tentativa e erro como eu fiz – terá em mãos recursos testados e aprovados que transformarão sua prática de coordenação. Portanto, se você deseja se sentir mais segura, respeitada e eficiente em seu papel de liderança pedagógica, conheça o Kit S.O.S. Coordenação Pedagógica e dê um salto qualitativo em sua jornada profissional. Clique aqui e descubra como ser a ponte que sua escola precisa, com firmeza e propósito!
Para finalizar, quero ouvir sua experiência! Você já passou por essa transformação também? Qual foi seu maior desafio na coordenação pedagógica? Compartilhe nos comentários e vamos fortalecer essa rede juntas!